lunedì 21 marzo 2011

Luis Vaz De Camoes

Que me quereis, perpétuas saudades?

Que me quereis, perpétuas saudades?

Com que esperança inda me enganais?

Que o tempo que se vai não torna mais,

E se torna, não tornam as idades.

Razão é já, ó anos, que vos vades,

Porque estes tão ligeiros que passais,

Nem todos pera
um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.

Aquilo a q
ue já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias

Têm o primeiro gosto já danado.

Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,

Que do contentamento são espias.


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade



Amor, que o gesto humano na alma escreve

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.


Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Nessun commento: